HSBC/2007
Uma visao geral do mercado financeiro do HSBC .
Angelo Pavini
A expectativa de queda nos juros e suas implicações nos mercados financeiros não mexe apenas com os investidores. Mexe também com as gestoras. Um exemplo disso ocorre no HSBC, responsável pela gestão de R$ 50 bilhões de terceiros. Dois meses depois da ida de Pedro Bastos, ex-Unibanco Asset Management, para o comando do HSBC Investments, uma nova mudança colocou a área sob responsabilidade da diretora executiva Sylvia Coutinho, que hoje cuida do private bank da instituição. Ela assume as áreas que eram de Walter Shinomata, o que inclui ainda o serviço de custódia. Assim, Sylvia passa a centralizar a área de gestão de fortunas, ou "wealth management" do banco. "Estamos em um momento especial, os clientes estarão buscando diversificação por conta da queda dos juros e nós temos a vantagem de ter acompanhado processos semelhantes em outros países", afirma Sylvia, que fez carreira no exterior na área de investimentos do Citibank e desde 2003 está no HSBC.
O primeiro passo do HSBC para acompanhar essa diversificação de carteiras será a criação de um portal de investimentos, que servirá para orientar os investidores e, ao mesmo tempo, permitirá aplicações em bolsa via home broker e investimentos em fundos e no Tesouro Direto. "Vamos lançar o portal no fim de fevereiro", afirma Sylvia.
O ajuste das carteiras dos investidores levou o HSBC Investments a reforçar sua lista de fundos, com mais opções de renda variável, afirma Bastos. A expectativa do banco é de que ações continuem sendo uma boa alternativa em 2007, assim como foram este ano. "Trabalhamos com o Ibovespa fechando este ano em 44.200 pontos e esperamos 51 mil pontos para o fim de 2007, o que significa um ganho de 21%", afirma Bastos. "Mas mais do que isso, será o quinto ano seguido de perspectiva de que o Ibovespa vai continuar em alta e que vai superar a renda fixa", completa.
A estimativa leva em conta a continuidade do crescimento do lucro das empresas do Ibovespa, de 35% em 2005 e 18% neste ano e em 2007. "Além disso, há uma correlação grande desse lucro com o risco-Brasil, quanto menor o risco, maior o lucro", afirma Bastos. O risco-Brasil fechou ontem em um dos menores níveis da história, perto dos 200 pontos básicos, ou 2%. E Bastos vai mais longe: olhando para 2009, quando o país pode finalmente conseguir o tão sonhado grau de investimento, podendo receber recursos de grandes fundos de pensão americanos e europeus, o Ibovespa poderia chegar a 80 mil pontos. "É um exercício, mas desde 2004 os números do mercado estão confirmando essa tendência."
As perspectivas do HSBC levam em conta um crescimento menor do mundo em 2007, 3,7%, abaixo dos 4,8% deste ano, com os Estados Unidos crescendo 2,6%, Europa 1,6% e Japão 1,9%. "Mas quem puxa o desempenho mundial é a China, que vai crescer menos, 8,5%, mas ainda assim o suficiente para manter a demanda e os preços de commodities em alta, o que beneficiará o Brasil e outros emergentes", explica Bastos.
No cenário interno, o HSBC Investments não espera grandes mudanças no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Apenas algumas reformas microeconômicas, como na área de concessões e estímulos setoriais", diz o executivo. "Se vier algo mais na área de reformas estruturais, como previdência ou redução de gastos, será lucro".
Mesmo assim, a relativa calma no cenário internacional e no mercado local permitirá ao juro nominal cair para 12% no fim de 2007. A taxa de câmbio permanecerá estável, o que garantirá uma inflação sob controle, com o IPCA na casa dos 4%. "Isso significa que o juro real brasileiro continuará um dos mais altos do mundo, tornando a renda fixa ainda atrativa", afirma Bastos.
Mas ele alerta que quem pensa em aplicar em prefixados para aproveitar a queda das taxas não terá tanta vantagem em relação aos fundos DI em um horizonte de curto prazo. O motivo é que o mercado já antecipou a queda nos juros prefixados pelo menos para os próximos 12 meses. "Não há prêmio no pré e aplicar em prefixados ou em DI não tem muita diferença", diz Bastos. O mesmo aconteceria com os papéis atrelados ao IPCA, com juros em torno de 8% ao ano. "Com a previsão de 4% para o índice, o ganho do investidor em 12 meses ficaria perto dos 12% ao ano esperados para o CDI", explica.
Já olhando para um prazo mais longo, três anos ou mais, esses papéis indexados ao IPCA seriam atrativos, afirma Bastos. "No longo prazo, esse juro real de 8% ao ano se torna moderadamente atrativo e estamos aumentando nossas aplicações nesses papéis", diz.
Mas ele não recomenda aplicações em IGP-M, lembrando que o indicador é fortemente influenciado pelo câmbio, que tende a se manter estável no curto e médio prazos. "O risco para o dólar seria uma mudança muito drástica na economia americana que levasse a uma ruptura do preço do dólar no mercado internacional".
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